quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A viagem do tomate IV

A viagem do tomate IV
Azeite 
Um agricultor que produz azeite não é mesma coisa que um produtor de azeite

Foi há dois anos que tive o privilégio de provar um azeite excepcional, espanhol, no Restaurante do Manuel Barrero (Manolo), Restaurante Montecruz em Aracena. Fiquei apaixonado pelo seu sabor e nunca mais me esqueci daquelas colheradas que provei ( gostei tanto que pedi uma colher para provar só o azeite). Em casa, nos tempos livres, ficava parado na página web, a ver as diferentes variedades e pensava como seria o sabor de  todos os outros azeites desta casa.  Percebi que tinha de ir até lá. Numa viagem ou volta  qualquer, por Espanha, o meu destino seria esta casa. 
Passaram-se dois anos e finalmente a conheci.

Anotem, porque não é um azeite qualquer.


Casa agrícola SAT EL LABRADOR  e os azeites LA LAGUNA DE FUENTE DE PIEDRA.

Estava ainda em Antequera, e preocupado com as horas receoso de não encontrar a "loja" aberta, decidi telefonar antes. Ao telefone foi-me dito que não tem loja e os azeites encontram-se à venda na casa particular do agricultor e posso ir até lá a qualquer hora. Genial! Ser recebido por quem faz o próprio azeite! Melhor para mim não há. Isto é o meu ideal de compras.

Um agricultor que produz azeite não é mesma coisa que um produtor de azeite. Há muitas diferenças e estas são visíveis no produto final. Um produto de elevada qualidade e detentor de vários prémios. 

Cheguei e vi todos os azeites produzidos ali. Estavam lá todos! E eu tanta vez lhes sonhei o sabor.Senti-me uma criança de frente para uma montra de rebuçados e doces. Em breve os meus sonhos iriam ser uma realidade. A vida é feita destas pequenas e deliciosas coisas.


Montra de azeites La laguna de Fuente de Piedra
( quero  todos )


Fomos recebidos pela Sra. Rosario Lopez (proprietária), que nos explicou como funcionava toda a produção.
A sociedade agrícola Sat Labrador  é uma empresa familiar, com seis gerações de agricultores a marcar o passado, que se dedica ao cultivo de oliveiras. Para eles um azeite nasce na árvore pois não nos podemos esquecer que ali faz-se acima de tudo , sumo de azeitona. Quando no passado os outros agricultores arrancaram todo o olival velho, esta casa  fez questão de o manter. A sra. Rosario fica encantada quando, em feiras no estrangeiro, dá a provar os seus azeites a chineses e japoneses. Ficam maravilhados pela categoria do produto e novidade. Reparem. Naquelas culturas não há o hábito de usar o azeite e é um produto de difícil acesso. E mais. Com esta qualidade é fácil perceber o mercado das suas exportações: China; Japão; Canadá e Brasil; Europa nomeadamente: França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica e até Itália.

Agrada-me, bastante, a ideia de ver esta casa agrícola,  preocupar-se  com a sustentabilidade dos seus produtos e a tradição.
A Sra. Rosário também nos contou que é importante e urgente o governo Espanhol tomar medidas para o EXTRA na designação de um azeite. É fácil encontrar uma garrafa de azeite com as palavras  azeite extra virgem, e de EXTRA não tem nada. O sabor não mente. ( também serve para Portugal)
Num tom sério disse-nos também que Portugal produz excelentes azeites. É bom ouvir elogios espanhóis à nossa terra e produtos,  por quem se dica com paixão à arte do sumo de azeitona : azeite.


Variedades de azeites produzidos pela casa
Perguntei à Sra. Rosário se era possível provar um de cada. Disse-me que não. Normalmente não fazem provas (catas) e  nem estão ligados ao turismo do azeite. É de boca em boca e em feiras que aquele azeite se vai conhecendo.  

As minhas compras de Aceite de Oliva Virgem EXTRA
Quantidades e variedades:
2,5 L Vidueña 
Foi esta variedade de azeite que provei  a primeira vez . Premiado como um dos melhores azeites de Espanha na categoria Frutados Verdes Doces.
Descrição: frutado e intenso, complexo, de azeitona verde (colhida no inicio do amadurecimento), muito equilibrado. Destacam-se notas de maçã verde, erva, alloza (amendoa ainda verde ??Creio que sim.), e tomateiro. Em boca é muito aromático, persistente e encorpado, doce na entrada, apresenta uma amargura média, picante e amendoado, bastante equilibrado.
Vidueña - Azeitona de uma variedade pouco comum, daquela zona. 

0,5 L Pico limón
0,5 L Gordalilla
0,5 L Manzanilla
0,5 L Arbequina 
( características destes azeites aqui )


Este Olival encontra-se nas imediações do Parque natural da Laguna de Fuente de Piedra, que dá nome aos azeites. Uma lagoa de água salgada e  cheia de flamingos cor de rosa. Em 1984, foi declarada Reserva Natural e hoje está interdita a entrada na lagoa para não perturbar o frágil ecossistema.


Lagoa salgada Fuente de Piedra


A natureza na Lagoa: tomilho, coelhos, bolotas..


artemia salina

Não vi os flamingos ao vivo e cor de rosa. Observei-os através de um monitor  a preto e branco, e  fiquei a conhecer o que comem para terem aquele tom rosado: artemia salina, uma espécie de camarão.






Camarão da despedida da lagoa
Gamba Blanca de Huelva à la plancha

E foi com um outro camarão que me despedi desta lagoa. Umas gambas blancas de huelva à la plancha. De todas as que comi durante a viagem de férias, e foram muitas, estas foram sem duvida as melhores.
Foi no Restaurante Casa Joaquín em Fuente de Piedra, sugerido pela Sra. Rosário Lopez. Um restaurante familiar, onde a Eva, filha dos donos,  nos atendeu e o Sr. Joaquín nos explicou que todas as manhãs trás peixe e marisco fresco do mercado.
Conversei ainda com a cozinheira, a Maria, e falámos de vários pratos da zona. Estas Gambas estavas perfeitamente cozinhadas, no ponto. Adoro gamba branca de Huelva.


Gambas no ponto: suculentas e  gulosas!
Continua...

Olhapim,
Alentejo...



A viagem do tomate I
A viegem do tomate II
A viagem do tomate III

*A viagem do tomate IV
A viagem do tomate V


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